O parto seria outra experiência tão grandiosa quanto, mas de curto prazo com hora marcada para começar e 40 minutos para terminar... Uma cirurgia sobre a qual tive tantas curiosidades e, naturalmente, uma boa pitada de adrenalina e medo.
Pois bem...Levantei-me as 4:00 am tomei um banho morno para relaxar a ansiedade e antes das 4:20 já havia despedido-me muito rapidamente dos gatos com a promessa de que nos veríamos em breve (para não chorar). Lá embaixo, esperava pela Musa, minha grande amiga, carona e companhia da minha mãe nesse evento tão inédito e especial. Tinha também a Pri que as acompanharia, mas que chegaria um pouquinho mais tarde.
Ao chegar no hospital fiquei com as enfermeiras enquanto a minha mãe foi resolver a papelada.
A internação aconteceu numa sala de pré parto, onde ficávamos ali esperando a hora H e sendo, bem lentamente preparadas: soro, camisolinha, tricotomia (raspam a periquita mesmo com a depilação quase ok).
Eu e mais umas quatro mulheres esperando pela grande chamada... Naquela hora parecia algo tão comum... Só depois é que fui me dar conta de que jamais esquecerei o rosto de cada uma delas. Estavamos passando na mesma madrugada pelo momento mais marcante das nossas vidas. Das cinco, apenas uma estava indo para o segundo filho; as demais estavam vivendo exatamente o mesmo turbilhão que eu.
Como num passe de mágica, eu passei a ter contrações de parto... Era como se Alice viesse ao encontro da nossa hora marcada para nascer, o que me deu certo alívio.
Pois bem... Chegou a hora de ir para o centro cirurgico e me levaram... no caminho, deitada na maca que era conduzida por duas enfermeiras tranquilas, eu pensava e sentia um misto de coisas...emoção e medo acima de tudo.
Ao chegar no Centro Cirúrgico, me colocaram numa maca bem mais estreita (pesando o que eu pesava, qualquer maca pareceria estreita) e dura... O anestesista chegou, fez algumas perguntas, me deu anestesia e logo meu médico chegou também.
O tempo da cesárea passou rápido mas eu não perdi nada nada daquela experiência que eu queria tanto ter na vida. Os médicos batem papo na hora do parto e o papo dos meus foi interessantíssimo... Falaram um pouco de enologia (que eles acham viadagem...eu também acho um pouco, nunca senti sabor amadeirado ou de chocolate num vinho), e sobre risotos e tartufos... Embora eu discordasse de boa parte do que eles estavam falando, fiquei quietinha apenas sentindo os cortes (não a dor, claro) e tentando entender exatamente o que acontecia já que aquele monte de panos cinza na minha frente me poupavam da carnificina que acontecia ali, em mim.
Perguntei para o anestesista em que parte estávamos e ele disse que ainda nem tinha começado... Eu sabia que era mentira e ele sabia que não me enganava e logo retrucou: “Está quase nascendo”. É engraçado por que dá pra sentir tudo... Deu pra sentir Alice saindo de dentro da barriga e logo me mostraram aquela menina minúscula, roxa e com uma gotinha de sangue entre o nariz e a testa.
Enquanto preparavam Alice e o meu médico me costurava (dá pra sentir tudo também!) eu fiquei ali pensando que tinha bem pouco tempo para tentar organizar a vida... Alice voltou pra perto de mim e a enfermeira a encostou no meu rosto... o rostinho pequeno e quente que deitou sobre o meu foi bastante especial e querido.
Saindo dali, fui para a sala onde me recuperei e aos poucos iam chegando as outras mulheres da sala de pré-operatório. Nosso reencontro já com as barrigas vazias e a responsabilidade de sermos mães. Passamos horas nos recuperando com uma sonolência gostosa e com os bebês vindo um pouquinho para junto de nós para serem amamentados. Embora eu não tivesse ainda nem um pouquinho de leite, a Alice já mamava como se tivesse sabido sempre que assim continuaria seu processo de nutrição, após o cordão umbilical. E sabia mesmo.
A primeira noite não foi nada legal. Dava uma insegurança danada deitar e levantar da cama por causa do corte... A dor não era intensa... Mas doía um pouco sim... E a Alice não dormiu... Pegava no sono e em 5 ou 10 minutos chorava de novo... Eu tinha uma companheira de quarto, a Noemi com sua filhinha Helena que nascera dois dias antes da Alice. Sorte a minha que a Helena também não dormia; assim eu não me senti tão culpada por perturbar o descanso delas... A situação era a mesma.
Meu leite veio só três dias depois e foi bastante angustiante imaginar esse tempo todo que a Alice estava sem comer... Mesmo com os médicos dizendo que os bebês nascem com uma reserva, aquilo me deixava angustiada.
Recebi um monte de visitas importantes no hospital e um monte de ligações de amigos que não puderam ir pelo tempo frio e chuvoso de São Paulo, minha cidade tão querida.
A hora de ir embora foi um misto de emocão com medo, como todo o processo de gravidez e parto (analisando friamente, agora....)
Pois é... A partir desse momento, acabou gravidez...
Agora o negócio é ser mãe e sobre esse assunto, vou continuar fazendo registros em outro blog que leva esse mesmo nome: “Agora o negócio é ser mãe”. Além de fazer alguns registros sobre o desenvolvimento da Alice, vou tentar fazer reflexões sobre o desenvolvimento infantil com base nas coisas que eu já estudei e na minha experiência como “dona” de uma criança.
Então, o que posso dizer é obrigada para os que me acompanharam aqui e nos encontramos no meu novo endereço: http://agoraonegocioesermae.blogspot.com/